Engenharia acompanhando o desenvolvimento
A Região Metropolitana da Baixada Santista foi caracterizada historicamente pelo desenvolvimento e expansão das duas cidades que compõem a Ilha de São Vicente. O pioneirismo desta região vem da colonização europeia, desde 1532, quando Martim Afonso de Souza fundava a primeira vila do País, a Vila de São Vicente. Seguido por Brás Cubas, que em 1546 elevava o Povoado para Vila de Santos e transferia o porto que atendia a região na Ponta da Praia, para o outro lado da ilha, na área que atualmente abriga o maior Porto da América Latina.
E junto ao crescimento populacional foram executadas as primeiras obras de engenharia, como de urbanização e saneamento, que levaram qualidade de vida aos habitantes da época. Profissionais pioneiros, que buscavam soluções, muitas vezes inéditas no país, para que se adequassem às formações geológicas e climáticas do litoral paulista. Foi a partir destes dois núcleos urbanos que as demais sete cidades da Baixada se formaram, tendo em comum como limite a Serra do Mar.
O sistema de saneamento da Baixada Santista está diretamente relacionado a este histórico de vanguardismo. O Reservatório-Túnel SantaTereza /Voturuá recebeu mais de mil visitantes na última semana de agosto – quando esteve aberto ao público durante manutenção preventiva – por ser um exemplo de solução não convencional, uma inovação localizada na Ilha de São Vicente. Construído entre 1979 e 1981, no interior dos morros que dão nome ao equipamento, exatamente entre Santos e São Vicente, foi um projeto que veio para complementar os investimentos realizados no início do século XX, suprindo o déficit de reservação apontado no então Plano Diretor de Santos.
Partindo deste histórico, hoje é possível operar um sistema de alta tecnologia, automatizado, investindo constantemente na modernização e ampliação dos sistemas de saneamento, antecipando-se em décadas à expectativa de crescimento, principalmente nesta região que recebe milhares de turistas durante o verão.
É notória a evolução no setor de saneamento e os resultados beneficiam diretamente a qualidade do meio ambiente e da vida de todos. De 2007 a 2014, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, investe mais de R$ 3,6 bilhões em melhorias para a Baixada – R$ 2,6 bilhões na ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário, com o Programa Onda Limpa; e R$ 1 bilhão destinado ao Sistema Integrado de Abastecimento de Água.
Já estão em operação, por exemplo, novas estações de tratamento de água: ETA Jurubatuba, em Guarujá; Mambu/Branco, em Itanhaém; e Antas, em Mongaguá. Estão em obras a ETA Itú, em São Vicente; Guarauzinho, em Peruíbe; Caruara, em Santos; e ETA Bertioga, reforçando o abastecimento deste município que também recebe investimento para aumento da capacidade de reservação. E em processo licitatório está a ETA Melvi, em Praia Grande, e Guaraú, em Peruíbe. Além das melhorias à ETA Cubatão, maior estação de todo interior e litoral de São Paulo, onde neste momento R$ 9,3 milhões são aplicados para modernizar o sistema de bombeamento.
Até o final desta década, estão previstos mais R$ 2 bilhões em obras que permitirão com que a Sabesp alcance sua meta de universalizar os serviços de saneamento nas nove cidades da Baixada Santista, isto é, manter o atendimento ao abastecimento público em 100% das áreas conformes (sem impeditivos legais), e alcançar os 100% de coleta de esgotos (hoje em cerca de 80%), seguindo com o tratamento em 100% do coletado. E é para isso que trabalhamos todos os dias.
(*) João Cesar Queiroz Prado é engenheiro e superintendente da SABESP na Baixada Santista. E-mail: jcprado@sabesp.com.br